A fotógrafa Luisa Dörr estava visitando a família do marido na Espanha, quando se deparou com três palavras que trouxeram a ela um novo trabalho fenomenal: Fallas de Valencia. Com essa curta história se inicia a matéria sobre o ensaio de Luisa Dörr, intitulado Falleras para o National Geographic.
A fotógrafa brasileira de apenas 29 anos foi destaque mundial há pouco tempo por ter fotografado para a capa da revista Time com um iPhone, agora traz uma história recheada de cultura e tradicionalidade.
A festa de San Jose (As Fallas de Valencia) acontece todos os anos no mês de março. Durante cinco dias, um dos festivais mais celebrados de Valência traz muitos fogos de artifício, música e desfiles. São feitos gigantes bonecos satíricos de papel machê ou madeira. Porém, o que chamou a atenção de Luisa Dörr foi outra coisa: as mulheres.
As mulheres durante o evento se vestem com figurinos chamados Fallas, e os queimam no último dia do festival. Além disso, é usado um penteado de três coques em volta da cabeça com adornos de ouro. E para finalizar, usam um broche no corpete, que combina com os outros acessórios da roupa.
O figurino das Falleras é inspirado em roupas usadas por mulheres que trabalhavam em campos de arroz ao redor da cidade há séculos atrás, e vem mudando ao longo do tempo. Atualmente, os figurinos podem custar mais de €1.000 (euros), o que equivale a mais de R$4.500,00 (reais).
A representatividade feminina nas fotos de Luisa Dörr sempre esteve presente. “Me sinto mais cômoda contando histórias sobre mulheres. Gosto de retratos honestos e entendo melhor o universo feminino que o masculino” disse ela ao jornal El País.
Nas fotos do ensaio a fotógrafa coloca as mulheres no centro, como protagonistas da série. Existem alguns cenários atrás das mulheres que são árvores, talvez um modo de contrastar com as cores vibrantes das roupas e dar-lhes ainda mais vivacidade. Também é possível pensar que as árvores representem o rústico, trazendo a tradicionalidade centenária do evento. Quando não se tem árvores, os cenários são cores que contrastam com as roupas, e as destacam.
Em quase todas as fotos as mulheres estão com expressões neutras e a foto foi tirada de frente na altura dos olhos. As fotos que não se encaixam nesse padrão descrito estão em contra-plongée (foto tirada de baixo para cima), que tem como objetivo engrandecer o objeto fotografado.
O prêmio ganho por Luisa é muito importante para a luta feminista dentro do espaço fotojornalístico, pois segundo a fotógrafa brasileira Alice Martins "No ano passado apenas 16% dos trabalhos submetidos à premiação eram de mulheres. Este ano este número subiu para 19%” disse ela para uma entrevista ao El País.
Os números citados por Alice não são grandes, porém, já é animador que o cenário esteja mudando e que fotógrafas como Luisa Dörr estejam sendo consagradas com prêmios importantes da área.
Mais fotos do ensaio premiado Falleras abaixo.
