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  • Foto do escritorGisele Siqueira

A Manipulação de imagens

Atualizado: 27 de jun. de 2019

Sabe quando você abre aquela caixa de pizza e ela não parece tão apetitosa quanto na propaganda? Ou quando você vai a um clube e ele aparenta menor e mais sem graça do que no outdoor? Ou quando você conhece aquela modelo que via nas revistas e ela tem defeitos assim como você? Isso é manipulação de imagens. E existe uma grande diferença entre a manipulação e a edição.


A edição vem para melhorar a qualidade da foto, existem vários modos de se editar uma foto sem tirar sua essência e veracidade. Por exemplo, girar uma imagem, cortar uma imagem para adquirir proporção ou enquadramento melhor e mexer em recursos como brilho, saturação, vibração, níveis, contraste e etc. Essas edições são feitas sem intenção de distorcer a foto, e é isso que as difere da manipulação.


A manipulação de imagens é feita com objetivo de enganar seus espectadores e não é tão atual quanto você pensa. As manipulações começaram a muito tempo, antes das imagens digitais eram feitas recortando e colando pedaços de filmes fotográficos. Depois disso, com as imagens computadorizadas, poucas pessoas tinham acesso a máquinas potentes o suficiente para editar uma foto. Atualmente, você edita uma foto a qualquer momento no seu celular.


Essa facilidade trouxe perigos, pois com a alta capacidade dos programas não se sabe mais o que é real e o que é manipulado. Uma manipulação não precisa ser profissional para enganar nossos olhos.


Segundo o Correio Braziliense, pesquisadores da Universidade de Warwick no Reino Unido fizeram um experimento e concluíram que apenas 60% das imagens manipuladas são descobertas por seus expectadores. Para eles, o público precisa ser mais crítico em relação ao que vê, e as instituições que usam fotos precisam ter regras mais rígidas na hora de escolhê-las, garantindo sua veracidade.


"Existe um grande número de pesquisas que demonstram claramente a poderosa influência que as fotos podem ter na memória, na crença e no comportamento das pessoas. Um exemplo recente foi o inocente Veerender Jubbal, cuja selfie foi editada para fazê-lo parecer com um terrorista e essa imagem se espalhou on-line" disse Sophie Nightingale, do Departamento de Psicologia da Universidade de Warwick.


Foto de Veerender Jubbal original a esquerda e manipulada a direita | Fonte: The News Minute

Veerender contou ao The Guardian que postou sua foto no Twitter em Agosto de 2015. Quando os ataques começaram em Paris, algum usuário da rede social editou a foto do jovem e compartilhou, dizendo que ele seria o autor dos ataques. Veerender conseguiu denunciar a imagem com a ajuda de amigos. Disse que sempre teve depressão ansiedade e TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), porém após o acontecimento tudo piorou, e ele não conseguia mais sair de casa.


Algumas semanas após a imagem se tornar viral, Veerender recebeu uma ameaça de morte no Twitter, que continha seu endereço e número do celular. Rapidamente o jovem pediu ajuda e denunciou o tweet. Seus vizinhos reportaram o acontecimento à polícia, que o orientou a abandonar o Twitter e usar um nome falso, porém como jornalista freelancer ele não quis.


Algoritmo identifica imagens manipuladas


O exemplo citado acima é apenas um dentre vários outros de como uma imagem manipulada pode afetar a vida de alguém. Pensando nisso, a Adobe juntamente com pesquisadores da Universidade de Berkeley criaram um algoritmo que identifica se uma foto digital foi editada.


O programa consegue identificar com 99% de precisão se uma foto foi manipulada ou retocada. Ele não será comercializado ainda, porém pode ajudar a encontrar elementos em notícias falsas, combatendo a desinformação.


Imagem manipulada / Ressaltando as partes manipuladas / Retirando a manipulação | Fonte: FHOX

O pesquisador Richard Zang diz que um programa que identifique ajustes e recue a manipulação de imagens ainda está distante. Porém a pesquisa irá continuar, pois ele acredita que o mundo sofre com conteúdos falsos, aonde ninguém é punido. A ferramente é a primeira com esse tipo de função e pode ser um grande passo para o combate as fake news.


Opinião do profissional


Lucas Xavier é designer e já trabalhou com manipulação de imagens na empresa Sabbe Tecnologia. Segundo ele, existem malefícios e benefícios na manipulação. O maior malefício é a distorção do que é real. Por conta de ferramentas como o Photoshop, a manipulação de imagens se tornou algo "simples" de ser feito, onde se pode alterar desde coisas básicas até imagens totalmente novas.


Por isso, para ele, é preciso sim tomar cuidado com as manipulações, pois essa facilidade em editar abriu uma porta onde as manipulações podem ser muito prejudiciais, pois cria um ideal ou até mesmo uma realidade inventada, em que, junto de certas palavras, pode enganar toda uma população.


Por outro lado, as manipulações são de extrema importância e estão sempre presente no nosso dia-a-dia. Estão presentes em áreas como Design Gráfico, Direção de Arte, Fotografia, Publicidade, Cinema e até mesmo Tatuagem. Suas possibilidades de criar imagens surreais ajudam muito. Além de trazerem a sensação daquilo ser real, atraem ainda mais clientes por ser algo bonito e que atiça a curiosidade.


Segundo ele, a manipulação é de extrema importância para o Design Gráfico, pois ela é, possivelmente, a área mais ligada ao Photoshop e manipulações atualmente, seja para enriquecer uma campanha publicitária, criar pôsteres, flyers, banners e até anúncios, elas estão sempre lá.


Com isso, é possível concluir que a manipulação não precisa ser exatamente maléfica, assim como Lucas explicou, ela faz parte do dia a dia da sociedade e de várias profissões. Um exemplo é o trabalho realizado por Lucas Xavier com colaboração da fotógrafa Gisele Siqueira, uma série de fotografias manipuladas que exploram o surreal e feitas com intuito de entreter.


Para conhecer mais do trabalho de Lucas, clique aqui.

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